sábado, 9 de fevereiro de 2008

Ligada no Joaquim


Foram oito dias, em meio a folia de momo, revirando as 367 páginas do perfil de Joaquim Nabuco, por Ângela Alonso, editora Companhia das Letras. Presente de Cacau, grande amiga, só podia ser! Muito além do militante maior do abolicionismo no Brasil, por Ângela Alonso descobre-se Joaquim Nabuco Dândi, estrategista, polêmico, perspicaz, galanteador.

Joaquim Nabuco, também, o brasileiro ilustre que circulou intimamente no século XIX e início do século XX pelas mais altas cortes da Europa e América, findando seu tempo na terra como embaixador nos Estados Unidos. Resgata-se ainda, registros históricos de movimentos políticos que fizeram do Brasil colônia o Brasil República presidencialista.

Delícia de texto, de roteiro que nos leva à imaginação como se estivéssemos diante de uma tela de cinema, mãos leves encaminhando os dedos ao saco da pipoca, sem pressa de acabar. Ao mesmo tempo, tomada de ansiedade para saber mais e mais e ver mais e mais. Joaquim Nabuco namorador, sim. Porém, tomado de assalto mesmo pelo amor arrebatador de Eufrásia Teixeira Leite que, se bem traduzido hoje, poderia ser dito na composição de “Deusa da Minha Rua” de Nilton Teixeira e Jorge Faraj. Corre lá, escuta a melodia, presta bem atenção na letra e, se você não sabe da história, vai entender rapidinho o que quero mesmo dizer.

Um Joaquim Nabuco que por ser filho de senador, ministro da Justiça, deu-se ao luxo de cursar o quinto ano de direito sem ter passado pelo 4º ano, acometido de uma enfermidade da época. Um Joaquim Nabuco que optou por defender o abolicionismo não apenas por uma questão de princípio, mas por uma estratégia de marketing político, como diríamos nos tempos de hoje. Contemporâneo de Karl Marx, “inimigo” de Rui Barbosa, amigo de Machado de Assis, inteligente, monarquista que, por circunstancias, acabou servindo ao governo republicano. Afinal, precisava sustentar a família, retomar a auto estima em tempos difíceis. E assim foi...foi mesmo um liberal.

Dentre outras, casou-se com Evelina, neta do barão de Itambé, teve cinco filhos, e de ateu tornou-se católico chegando a freqüentar a igreja e rezar para os amigos. Jornalista, deputado, ministro, embaixador. Dentre outras mais, do abolicionista comumente mais conhecido registre-se o aristocrata burocrático, acometido do talento político, intelectual, e dos valores intrínsecos da classe.



Um comentário:

Cacau Neves disse...

Querida,

Que bom !
Você gostou do livro e ainda postou no blog!!!!

Beijos