quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Boi Bumbá, samba e frevo numa nota só!

Em Manaus, na ilha de Parintins, no rio Solimões, a 420 km da capital, acontece a maior manifestação folclórica da Amazônia, quando a cidade se divide em Azul e Vermelho - as cores dos bumbás CAPRICHOSO e GARANTIDO. O evento reúne mais de 40 mil pessoas, anualmente, de várias regiões do País e do mundo, no mês de junho. Mas é atração turística seis meses antes, quando as sextas-feiras, de janeiro até junho, acontecem os ensaios para os três dias da tradicional festa.

No Rio, as rodas de samba são a grande atração da cidade pelos bares e ruas, juntamente com os ensaios das escolas de samba nas respectivas quadras. As iniciativas atraem, durante todo o ano, turistas de todas as partes do mundo, que se multiplicam no Carnaval e na Sapucaí conferem e participam do desfile das grandes escolas num evento de mídia internacional, vale ressaltar.

Esses são exemplos de que não é importando simplesmente outras manifestações culturais, chegando até mesmo a desprezar a sua própria, que se espalha desenvolvimento sócio-cultural em nenhum lugar do mundo ou se tem a oportunidade de gerar emprego e renda para a população. Essa última é característica de
qualquer iniciativa de rua, com um mínimo de organização e boa divulgação e não propriedade ou privilégio do extinto (amém) Recifolia.

É oportuno dizer que, quando da sua existência, o Recifolia serviu para desqualificar a nossa cultura com a instalação de cordões de isolamento nos blocos pela avenida Boa Viagem afora - criando um apartheid social nunca visto em Pernambuco, em se tratando de folia, de festa do povo. Além de claramente escantear o frevo, hoje Patrimônio Imaterial, declarado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Tomemos outros exemplos e façamos nesse caso do Boi Bumbá, do samba e do frevo uma nota só, por questão de respeito, de princípios, e de visão estratégica por que não? Afinal, santo de casa faz milagre sim, basta não ficar de braços cruzados.



terça-feira, 20 de novembro de 2007

Pernambucano nascido na Bahia

Veio vestido da cara do dono o samba enredo da Mangueira que, apesar da homenagem ao frevo pernambucano, na letra só cita Recife, Recife, Recife. Como não é mais novidade para ninguém, a iniciativa da Mangueira responde aos 3 milhões de reais destinados pela Prefeitura do Recife para o desfile da Escola no ano vindouro. Assim a Mangueira paga bem ao fiador.

De acordo com o bom e velho Aurélio, marketing é o conjunto de estratégias e ações que visam a aumentar a aceitação e fortalecer a imagem de pessoa, idéia, empresa, produto, serviço, etc., pelo público em geral, ou por determinado segmento desse público”. Nesse caso, vale o reconhecimento da competência da atual gestão do Executivo Municipal ao apostar suas fichas na dimensão internacional que tem o desfile da Sapucaí, com um retorno de mídia espontânea grandioso.

Leve-se em consideração que em ano eleitoral não é nada mal levantar a auto-estima da população, imagine então se a Mangueira chegar lá no pódio. Essa, uma estratégia, sem dúvida, que amplia também o carisma de uma gestão marcada, na área da cultura, por ações de incentivo as manifestações locais - no São João criou o evento de abertura com o arrastão de sanfoneiros pela ruas do Recife Antigo e no Carnaval criou o conceito de festa multicultural que chega, inclusive, a periferia da cidade, dentro de uma lógica de democratização que tem merecido reconhecimento público.

Pena que não tenha sido um frevo de Getúlio Cavalcanti ou do mestre Capiba, ou ainda de Alceu Valença, Jota Michelis, o escolhido para servir de referência a melodia do samba. E sim de um baiano chamado Moraes Moreira, diga-se de passagem aliado da nossa cultura. Uma pisada na bola dos mangueirenses ou da equipe de João Paulo que tanto viajou ao Rio de Janeiro para acompanhar de perto a escolha do frevo, quero dizer do samba enredo? Vai ver se preocuparam tanto com a letra que esqueceram o resto, tão importante quanto.

Será que os compositores da Mangueira não acharam graça em nenhum dos nossos de raiz? Capiba, por exemplo, bem que merecia uma homenagem desse porte não? Mário Melo, Raul Moraes também não? Leite derramado, só resta o discurso "estratégico" de que Moraes Moreira é pernambucano nascido por acaso na Bahia e nem por isso vale menos. Se colar, colou! Vai no frevo ai gente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Letra do samba enredo


"Ao som de clarins
Descendo a ladeira
Sou Mangueira
Tem frevo no samba, deu nó na madeira orgulho da cultura brasileira
A majestade é o povo, sem o povo história não há estende o brasão, reflete o leão, símbolo de garra e união


Capoeira invade os salões Mascarados, despertam Dragões E pelas ruas, vem Zé Pereira, Arrastando a multidão Nascia o frevo contagiando toda a massa
E até hoje tem colombina e seus amores
Passo no rancho das flores
O profano é sagrado no maracatu
Nos cem anos de história, desperto a alvorada
Brincando no Galo da Madrugada

Invade a cabeça, o corpo, embala os pés
Delírio da massa, um fervo!
É a Mangueira no passo do frevo
Voltei de sombrinha na mão.
Sonhando em gritar é campeão.


Mandou me chamar, eu vou Pra Recife festejar Alegria no olhar, eu vejo É frevo, é frevo, é frevo "


(Lequinho, JR Fionda, Francisco do Pagode, Silvão e Aníbal)

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Niemayer atrai polêmica não só no Recife

Pelo visto, o arquiteto Oscar Niemayer atrai polêmica. Na Espanha, projeto doado a Oviedo, capital da Província de Astúrias acabou sendo transferido para Avilès, situada na mesma província, por questões políticas, segundo a BBC Brasil. Confiram:

Espanha aprova construção de centro cultural de Niemeyer


Anelise InfanteDe Madri


A prefeitura da cidade de Avilés, no norte da Espanha, aprovou nesta quinta-feira a construção de um centro cultural projetado por Oscar Niemeyer – a primeira obra do arquiteto brasileiro no país.
O Centro Cultural Internacional Niemeyer de Avilés, orçado em 30,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 80 milhões), será o maior complexo cultural da Espanha, ocupando um terreno de 222 mil metros quadrados.
A Prefeitura informou que as licitações para a construção acontecerão no próximo mês. A previsão é de que as obras se iniciem em março ou abril de 2008 e sejam concluídas em dezembro de 2009.
O governo espanhol quer que o arquiteto brasileiro, que faz cem anos no mês que vem, esteja presente à cerimônia de colocação da primeira pedra do Centro, que será a sede permanente da Bienal de Arquitetura Ibero-americana.
“É um compromisso que ele (Niemeyer) assumiu conosco e uma honra para todos nós. Seu projeto criou um entusiasmo imenso e o vemos como o nosso Guggenheim, uma vez que já o batizaram de Guggenheim da arquitetura”, disse o prefeito de Avilés, Santiago Rodríguez Veja.
Doação
A idéia do centro cultural foi dada pelo próprio Niemeyer. O arquiteto doou um projeto à Fundação Príncipe de Astúrias, instituição que oferece uma premiação anual em diversas categorias a personalidades internacionais.
O presente era um agradecimento, já que Niemeyer foi premiado na categoria Artes em 1989.
Inicialmente, os planos seriam de criar o museu da Fundação em Oviedo, capital da Província de Astúrias.
No entanto, desavenças políticas sobre o local onde o museu seria construído levaram o projeto para Avilés, que também fica na Província.
O Centro Internacional terá, além do museu da Fundação, um auditório para cerca de mil espectadores, três salas para convenções, uma sala de cinema e um mirante instalado em uma torre, de onde será possível ver a baía da cidade.
Também haverá uma praça central para espetáculos e atividades ao ar livre.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Preconceito é preconceito

A carta do Luciano Hulk surtiu efeito.Como dizia o poeta Drumond de Andrade, no meio do caminho tem uma pedra, tem uma pedra no meio do caminho. O desabafo do apresentador, diante da ameaça que sofreu contra a própria vida, por conta de um relógio (não importa se rolex ou não), publicado na Folha de São Paulo, acabou desvendando um obscuro preconceito impregnado em alguns setores da sociedade.

Preconceito justamente daqueles citados ou denominados como defensores dos direitos humanos, da igualdade social, da democracia, da liberdade de expressão. Sejamos claros: Preconceito é preconceito, não importa de onde surge. Assim como ditadura é ditadura, não importa de que lado seja.

O desabafo de Luciano Hulk virou chacota de uma elite. Aquela que não gosta de ser chamada assim, mesmo economicamente, socialmente, e culturalmente inserida no contexto – escolaridade de nível superior, salário médio, moradia garantida e boa, usuária de roupas de marcas, sapatos e tênis idem, frequentadora de eventos culturais de difícil acesso para muitos, adepta de “vícios” digamos caros de bancar. Proporcionalmente falando iguais ao próprio Hulk. Uma irônia pura...